Associação Comunidade Cultural Quilombaque

Intensificar as ações já existentes de formação identitária, ampliar a rede de acolhimento e monitoramento de protocolos, promover a conscientização sobre a necropolítica e implantar o encaminhamento jurídico para vítimas de racismo em Perus e região, na cidade de São Paulo.

O homicídio é a principal causa de mortes não naturais e violentas entre os jovens. Em 2011, a cada 100 mil jovens, 53,4 foram assassinados. Os negros são maioria entre as vítimas de homicídio. De 2002 a 2010, dos 231 mil homicídios de jovens registrados, 122,5 mil eram negros, o que corresponde a 53%. Em São Paulo, a taxa de óbitos por homicídios na faixa etária de 15 a 24 anos é de 153/100mil, enquanto para outras faixas é de 20/100mil. Jovens negros morrem 83% mais do que os brancos. Os fundadores da Comunidade Cultural Quilombaque e todos integrantes estão inseridos no contexto descrito acima, logo são agentes ativos e passivos das ações. A semelhança e o protagonismo dos pares constituem a própria história de formação da organização, que impulsiona outras perspectivas sobre a realidade e ainda restaura uma das mais nobres funções relacionadas à natureza humana: a de imaginar e de sonhar.

A Comunidade Cultural Quilombaque é herdeira do movimento Queixadas, nome pelo qual ficaram conhecidos os trabalhadores da Fábrica de Cimento de Perus, que se organizaram em rede para uma greve não-violenta de sete anos durante a ditadura militar (entre os anos de 1962 e 1969) pela melhoria das condições trabalhistas. Queixada é uma espécie de porco do mato, muito temido pelos predadores e caçadores. Sozinho, um queixada é fraco e vulnerável. Quando organizados em grandes grupos, os queixadas são fortes e avançam sobre a ameaça até finda-la. A união é a estratégia de proteção do coletivo das diversas, diferentes, e todas as graves e violentas violações com as quais essa população convive cotidianamente. Em âmbito nacional integram a Coalizão Negra por Direitos.