Quilombo dos Luízes

Criar, através da produção literária, com fontes de pesquisa, relatos, registros de imagens e participação coletiva e intergeracional, um produto que possa ser compartilhado com moradores do município, para que os belorizontinos possam conhecer um pouco mais de sua história, a partir do olhar dos quilombos, ignorados por anos nos livros de histórias do Brasil.

A abolição da escravatura não assegura nenhuma forma de reparar a população preta em virtude das mazelas impostas aos sujeitos oriundos da diáspora africana, bem como formulou diversas leis que inviabilizam o acesso dos mesmos a uma condição de exercer cidadania. Restou ao grande contingente de ex- escravizados, buscar alternativas que lhes possibilitasse sobreviver à revelia do sistema que visava apenas a dominação de cunho eurocêntrico. Esta breve contextualização lança luz sobre os problemas enfrentados pela população preta para assegurar condições mínimas de sobrevivência, diante da total situação de exclusão que lhes fora imposta. Diversos foram os excluídos do contexto da cidade, por causa das medidas higienistas, que fragmentou um rico legado histórico e apagou memórias, silenciou vozes e invisibilizou sujeitos importantes da história.

O Quilombo dos Luízes é um território de remanescentes de ex escravizados presente na cidade desde o século XIX, cujo protagonismo, ao tornar-se o primeiro quilombo reconhecido em contexto urbano no estado mineiro, inaugura uma luta de base matriarcal, por direito à terra, além de fomentar a formação histórica da capital. Membros deste coletivo são mulheres que participaram ativa e diretamente da formação, sendo que a própria atuação em defesa do território e de seus direitos tem influenciado e reverberado em conquistas para essa comunidade.