Um grito em defesa dos povos originários e um ato pelo fim da violência contra a mulher. Os registros desses dois momentos vencem o Concurso Fotográfico – Direitos Humanos Transformação Social 2025, do Fundo Brasil. A comunicação é uma ferramenta de sensibilização da sociedade, ela incide, mobiliza e inspira pessoas a agirem em favor de um futuro com mais justiça social. Thácio Coelho, pela categoria Grupos Apoiados, e Milton Ostetto, pela categoria Geral, são os fotógrafos premiados da 6ª edição do concurso.
A votação para escolha das imagens vencedoras teve 1.500 respostas de formulário, em que cada pessoa teve que votar em seis fotografias, três para a categoria Grupos Apoiados e três para a categoria Geral. Assim, a soma do total de votos é de 9 mil. O período de votação do concurso foi das 19h do dia 1º de dezembro às 19h do dia 8 de dezembro, no horário de Brasília. Conforme o regulamento, os vencedores receberão do Fundo Brasil, como prêmios, drone e equipamentos fotográficos (1° lugar), cursos sobre fotografia e vídeo (2° lugar) e kit de acessórios fotográficos para celular (3° lugar).

Vencedores da categoria Grupos Apoiados: Thácio Coelho, Eduardo Quadros e Marcel Pires
Categoria Grupos Apoiados
Povo Xukuru. Durante a marcha “Emergência Indígena: nossos direitos não se negociam”, no Acampamento Terra Livre 2024, o fotógrafo Thácio Coelho mostra o Cacique Marcos, liderança do Povo Xukuru de Pernambuco, à frente de seu povo no ato contra o Marco Temporal. A fotografia teve 859 votos (57,3%). Thácio é indígena do Povo Xukuru do Ororubá e acompanha a luta do Povo Xukuru através de registros fotográficos e vídeos para documentários.
Educação. Com 812 votos (54,1%), o segundo lugar da categoria veio de Porto Alegre. Eduardo Quadros resumiu assim sua inscrição no concurso: “mostra-me diariamente que o esforço nunca é em vão, e que por mais simples que sejam os objetivos não significa que a luta será fácil”. A imagem de um menino aprendendo a escrever faz parte de uma série sobre ações do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra do Rio Grande do Sul. Eduardo é voluntário do MST na capital gaúcha.
Sensibilidade quilombola. Em terceiro lugar, uma fotografia sobre a vivência no Território Quilombola Santa Rosa dos Pretos, no Maranhão. “A ancestralidade vive na memória e no movimento da espiritualidade, temos direito em ter corpos vivos”, escreveu o fotógrafo Marcel Pires, da AAQ – Coletivo Agentes Agroflorestais Quilombolas. A foto recebeu 595 votos (39,7%).
Os demais finalistas entre os Grupos Apoiados: Instituto Caxangá – Danilo Vital Marroco (504 votos|33,6%), MTST – Cauê Ito (461 votos|30,7%), Associação do Povo Indígena Juma Jawara Pina – Puré Juma (436 votos|29,1%), MST/MG – Maria Olívia (421 votos|28,1%), Marco Zero Conteúdo – Inês Campelo (170 votos|11,3%), IREC / Memórias Carandiru – Willian Marques (149 votos|9,9%) e Imune – Caio Vinicius Freitas (93 votos|6,2%).

Os vencedores da categoria Geral: Milton Ostetto, Mariana Seixas e Paulo Henrique Costa
Categoria Geral
Fim da violência contra a mulher. Com 698 votos (46,5%), a foto tirada na manifestação de 8 de março, em Florianópolis, ficou com o primeiro lugar na categoria. O autor é o fotógrafo Milton Ostetto, de 67 anos, que resume sua fotografia como documentação do meio em que vive. Durante o período de votação no Concurso Fotográfico do Fundo Brasil, diversas manifestações pelo fim do Feminicídio aconteceram pelo país. Em 2024, a série Que bom que você perguntou, da Brasil de Direitos, falou sobre Como prevenir a violência contra a mulher?. (Clique para saber mais)
Cuidado entre passado e futuro. Mariana Seixas, de Salvador (BA), ficou com o segundo lugar na categoria, com 687 votos (45,8%). Em sua inscrição no concurso, Mariana escreveu: “A fotografia registra o instante em que uma mulher mais velha veste uma criança com roupas do Candomblé, gesto cotidiano que carrega séculos de sabedoria, afeto e resistência. Nesse encontro de gerações, o cuidado se torna ponte entre passado e futuro, e a tradição se afirma como direito. A imagem expressa a força silenciosa da transmissão cultural e espiritual afro-brasileira, revelando que a transformação social também acontece no gesto simples de ensinar, proteger e perpetuar a memória ancestral.”
Mudanças climáticas na Amazônia acreana. O terceiro lugar da categoria Geral ficou com o fotógrafo Paulo Henrique Costa, de Cruzeiro do Sul (AC). Sua foto mostra dois meninos presenciando uma queimada na floresta. Essa imagem faz parte do ensaio fotográfico Memória visual do Vale do Juruá: a Amazônia acreana em tempos de extremos climáticos, projeto que documenta as mudanças climáticas no Vale do Juruá/Acre. A imagem revela os impactos diretos sobre a paisagem, os modos de vida e o cotidiano da população amazônida. A foto de Paulo teve 567 votos (37,8%).
Os demais finalistas da categoria Geral: Rafael Henrique Brito (527 votos|35,1%), Antonio Mozeto (500 votos|33,3%), Sandra Carrillo (437 votos|29,1%), Thaysa Caetano (431 votos|28,7%), Luísa Ritter (263 votos|17,5%), Cláudia Talieri (197 votos|13,1%) e Guilherme Bergamini (193 votos|12,9%).
Vamos entrar em contato com os vencedores para fazer a entrega da premiação. O Concurso Fotográfico recebeu 832 fotos, em 200 inscrições de organizações e indivíduos no prêmio do Fundo Brasil. A categoria Grupos Apoiados teve 20 inscrições, e na categoria Geral foram 180 inscrições. As imagens passaram por uma triagem interna e depois foram analisadas por um comitê de especialistas formado pelas fotógrafas Jô Rodrigues, Ludmila Pereira e Luene Karipuna, que selecionou as 20 finalistas (10 de cada categoria). Com a 6ª edição do concurso, o Fundo Brasil de Direitos Humanos tem hoje em seu acervo 2.358 imagens.
Os números da votação:






























