
Equipe do Fundo Brasil presente em Belém, para a COP 30. Foto: Acervo Fundo Brasil
O Fundo Brasil de Direitos Humanos participou ativamente da 30ª Conferência das Partes, a COP 30, realizada na cidade de Belém, capital do Pará, na Amazônia. Entre os dias 10 e 20 de novembro, organizamos painéis, rodas de conversa e eventos de networking, compartilhamos conhecimentos em atividades mobilizadas por distintos atores da sociedade civil, assistimos palestras, participamos de reuniões estratégicas e acompanhamos a luta e a incidência dos movimentos sociais e coletivos de defesa de direitos humanos apoiados nos nossos programas voltados ao fortalecimento de soluções climáticas locais.
Fortalecer saberes e soluções locais é um caminho estratégico para acelerar as adaptações necessárias ao enfrentamento da crise climática. Para o Fundo Brasil, este enfrentamento – debate central das COPs, as conferências de clima da ONU – precisa ser feito a partir da perspectiva da garantia dos direitos humanos e da superação das desigualdades estruturais.
As filantropias do Sul Global, como o Fundo Brasil, desempenham papel crucial nos fluxos de recursos para a promoção de justiça climática e uma transição que seja realmente justa. Com conhecimento dos territórios, experiência consolidada em desburocratizar processos e em estabelecer redes e relações de confiança com distintos atores sociais, essa filantropia impulsiona resultados duradouros, ajuda a transformar estruturas e a fortalecer sociedade civil no Brasil e no Sul Global, movimentando recursos que impulsionam soluções climáticas locais.
Treze pessoas da nossa equipe atuaram presencialmente em Belém, tanto nos espaços oficiais da COP 30 quanto nos muitos eventos paralelos. Pautamos e dialogamos sobre o protagonismo de povos indígenas, de comunidades tradicionais, da população afrodescendente e quilombola, das trabalhadoras e trabalhadores das águas, das florestas, dos campos e das cidades no debate e nas decisões locais e globais sobre o clima.
A Casa Sul Global

Casa Sul Global inaugurou seu espaço em Belém promovendo debates sobre os fluxos de financiamento para iniciativas de promoção da justiça climática no Sul Global. Foto: Mônica Nóbrega/ Acervo Fundo Brasil
Central para a nossa participação foi a construção d’A Casa Sul Global, uma plataforma de articulação política, mobilização, produção de conhecimento e colaboração entre atores da filantropia do Sul Global. Seu propósito é influenciar os fluxos de recursos e as dinâmicas de poder em benefício da justiça socioambiental, incidindo para que as soluções locais estejam no centro das conversas globais sobre o financiamento para clima e natureza.
É uma realização da Rede Comuá, que o Fundo Brasil de Direitos Humanos integra, e da Alianza Socioambiental Fondos del Sur que, juntas, reúnem dezenas de organizações independentes, locais e dedicadas à filantropia de justiça socioambiental, localizadas na América Latina, África e Sudeste da Ásia. Em Belém, a Rede de Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira e o movimento internacional #ShiftthePower assinam o projeto como co-promotores.
A Casa Sul Global realizou sua primeira edição presencial durante a COP 30, em Belém.
Neste espaço, o Fundo Brasil promoveu cinco atividades.
– Três anos do Labora: celebração, conexões e futuro do trabalho digno
No dia 13, o Labora reuniu mais de 100 pessoas para celebrar três anos de atuação em defesa do trabalho digno. Foi uma noite de encontros entre movimentos populares, organizações apoiadas e parceiros da filantropia internacional.

Ana Valéria Araújo, Amanda Camargo, Dayana Souza e Gislene Aniceto, durante coquetel de três anos do Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno. Foto: Acervo Fundo Brasil
A celebração foi também um espaço de reflexão: a exibição exclusiva do documentário Daqui pra frente é nós abriu uma conversa sobre trabalho, direitos humanos e transição justa. A estreia do documentário nas plataformas digitais está prevista para 2026. Os temas conectam direitos trabalhistas e proteção social aos desafios climáticos. Veja os registros deste encontro.
– Painel “Arranjos colaborativos para aterrar o financiamento climático nos territórios”
Já no dia 14, o Raízes promoveu um debate sobre como alianças entre fundos e organizações comunitárias do Sul Global estão criando caminhos mais justos para o financiamento climático. A mesa mostrou que as soluções já existem nos territórios. Segundo os participantes, o desafio é fazer os recursos chegarem a quem protege a terra. O painel confirmou: colaboração é estratégia, método e mudança de paradigma. Veja os registros deste encontro

Francisco Alan Santos, Maite Smet, Ana Valéria Araújo, Rodrigo Montaldi, Anna Nascimento e Juan Camilo Mira, durante painel n’A Casa Sul Global. Crédito: Sofia Hage – Ventos do Norte
– Painel “Justiça Climática e Defensoras/es: Financiamento para Proteção da Vida e dos Territórios”
No dia 17, o debate expôs uma realidade grave: o Sul Global concentra os maiores índices de violência contra defensoras e defensores ambientais e de direitos humanos. Convidado pelo Fundo Casa Socioambiental, o Fundo Brasil apresentou sua metodologia de proteção baseada em apoio emergencial, presença contínua nos territórios e fortalecimento de uma cultura de segurança integral. O consenso entre os participantes: segurança territorial exige modelos de financiamento mais rápidos, flexíveis e liderados por quem vive a realidade da ameaça no dia a dia. Veja os registros deste encontro e o depoimento do Assessor de Projetos do Fundo Brasil, Alexandre Pacheco.
O painel e o trabalho do Fundo Brasil na proteção de defensoras/es de direitos humanos e ambientais foi noticiado em uma reportagem detalhada do InfoAmazônia sobre os desafios enfrentados por defensores ambientais no Sul Global.
– Painel “Construindo uma transição ecológica justa: agroecologia liderada por trabalhadores e comunidades”
Na terça-feira (18), o painel “Construindo uma transição ecológica justa”, liderado pelo Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno reuniu organizações do Brasil, América Latina, Ásia e Amazônia Legal para defender que fortalecer iniciativas comunitárias de agroecologia e agrofloresta é fundamental como solução climática baseada na natureza. As práticas conduzidas por povos tradicionais, agricultores familiares, mulheres e juventudes rurais já oferecem respostas efetivas à crise climática, protegendo biomas, garantindo renda e soberania alimentar, mas ainda enfrentam pouca visibilidade e falta de financiamento. Veja os registros deste painel.

Thainá Mamede e representantes da Organização de Mulheres Negras de Caiana, durante coquetel de dois anos do Raízes. Foto: Acervo Fundo Brasil
– Dois anos do Raízes: celebração, protagonismo e resultados concretos
O Fundo Brasil celebrou os dois anos do Raízes com uma noite de encontro entre parceiros da filantropia, movimentos sociais e representantes de povos e comunidades de todo o país. Os números apresentados surpreendem: R$5,9 milhões destinados a 160 iniciativas lideradas por povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. As histórias apresentadas em um minidocumentário mostraram o que povos e comunidades tradicionais vêm construindo com o apoio do Raízes. Confira os registros do Coquetel.
Na COP30, o Fundo Brasil esteve presente em diferentes debates e mobilizações, reforçando o protagonismo de povos indígenas, mulheres negras, organizações de base e comunidades tradicionais nas soluções para os desafios dos territórios.
Em todos os espaços, reiteramos que justiça climática e transição justa são causas dos direitos humanos, e essenciais para a garantia da justiça social. A seguir, os principais momentos da nossa participação.
Cúpula dos Povos

Barqueata reuniu 5 mil ativistas, de 62 países, em mais de 200 barcos. Foto: Mariana Costa/Acervo Fundo Brasil
O Fundo Brasil de Direitos Humanos doou R$ 3,8 milhões para viabilizar a realização da Cúpula dos Povos e a participação popular na COP 30. As atividades levaram a Belém mais de 10 mil ativistas de organizações de base de todo o país, integrantes de cerca de 1,1 mil coletivos e movimentos sociais.
Com uma programação que incluiu barqueata, plenárias, atividades culturais, feira, banquetaço e uma marcha pelas ruas de Belém, a Cúpula dos Povos foi a maior mobilização popular climática realizada durante a COP 30. De 12 a 16 de novembro, enquanto governos e equipes diplomáticas se reuniram na Zona Azul, com acesso limitado, os movimentos sociais estiveram debatendo o futuro do planeta em espaços espalhados pela capital do Pará. N
o balanço final, a Cúpula dos Povos registrou público de 25 mil credenciados, representantes de 65 países.
A relevância da Cúpula dos Povos para o debate climático travado em Belém durante a COP 30 ficou ainda mais evidente na plenária de encerramento, que recebeu o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, Ana Toni, CEO da conferência. E teve ainda a presença massiva do governo brasileiro, com as ministras Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas; Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima; e o ministro Guilherme Boulos, da Secretaria-Geral da Presidência.
O Fundo Brasil acompanhou uma grande parte das atividades da Cùpula dos Povos.

Nossa equipe participou da marcha que reuniu mais de 70 mil pessoas em defesa da transição energética justa, dos territórios e das florestas. Foto: Mariana Costa/ Acervo Fundo Brasil
– Barqueata
O Fundo Brasil acompanhou a barqueata que reuniu 5 mil ativistas, de 62 países, em mais de 200 barcos que percorreram mais de 8 quilômetros pelo Rio Guamá e pela Baía de Guajará para afirmar o protagonismo popular na justiça climática.
– Marcha Global pelo Clima
Nossa equipe participou da marcha que reuniu mais de 70 mil pessoas, movimentos sociais, internacionalistas e autoridades, em defesa da transição energética justa, dos territórios, das florestas e de quem cuida delas. Foi a maior marcha popular realizada em Belém durante a COP 30.
– Escutatórias da CUT ParáAcompanhamos as Escutatórias da CUT Pará, ação apoiada pelo Labora que reúne trabalhadoras e trabalhadores para formular propostas de transição justa rumo à COP 30.
Filantropia climática, trabalho digno, povos indígenas e população afrodescendente
Conexões para a justiça climática
O Fundo Brasil participou da roda de conversa “Criando Conexões, Compartilhando Histórias”, na Casa COP do Povo, em um encontro que aproximou financiadores, movimentos sociais e organizações de base na defesa dos territórios e da justiça climática.

Thainá Mamede, da equipe do Fundo Brasil, participou da Mesa Internacional “Financiar o Movimento de Educação Escolar Indígena para Adiar o Fim do Mundo”. Foto: Acervo Fundo Brasil
Mesa sobre Trabalho Escravo e Mudanças Climáticas
O Labora integrou a roda de conversa da Comissão Pastoral da Terra sobre trabalho escravo e crise climática, reforçando o apoio a iniciativas que fortalecem direitos e justiça climática na Amazônia.
Mesa Internacional do FNEEI
A convite do Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNEEI), participamos da Mesa Internacional “Financiar o Movimento de Educação Escolar Indígena para Adiar o Fim do Mundo”, na tarde do dia 15 de novembro, durante o VIII Encontro Nacional de Educação Escolar Indígena (VIII FNEEI).
Marcha Global dos Povos Indígenas
O Fundo Brasil acompanhou a Marcha Global dos Povos Indígenas na COP30, que levou às ruas de Belém a mensagem da Apib: proteger e demarcar territórios é central para enfrentar a crise climática.
Justiça Climática Indígena: documentários como instrumento de luta
No Amazon Climate Hub, o Fundo Brasil participou da mesa “Justiça climática indígena: documentários como instrumento de luta”. A partir da exibição de um trecho do documentário “Sete Salões: O Último Parente do Povo Krenak”, que contou com apoio do Fundo Brasil por meio do Edital Bacia do Rio Doce e de recursos para mobilização do Raízes, os convidados promoveram um debate sobre como filmes e narrativas visuais fo

Allyne Andrade, diretora executiva adjunta do Fundo Brasil, durante participação na mesa Mulheres afrodescendentes pela justiça climática”. Foto: Acervo Fundo Brasil
rtalecem a defesa dos territórios e a luta por justiça climática, e a importância de pensar o cinema como ferramenta comunitária e transformadora.
Mesa Mulheres afrodescendentes pela justiça climática
No Pavilhão do Pará, o Fundo Brasil participou da mesa “Mulheres afrodescendentes pela justiça climática”, reforçando a centralidade das mulheres negras na adaptação climática e refletindo sobre como o financiamento chega aos territórios para impulsionar suas ações.
Publicação no Um Só Planeta
No artigo COP30: um chamado pelo apoio a soluções climáticas locais, publicado no Um Só Planeta, o Fundo Brasil e parceiros da Rede Comuá defendem mais recursos e autonomia para quem cria soluções climáticas nos territórios, apesar do recuo global da filantropia.




























