O Raízes – Fundo de Justiça Climática para Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais e o Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno anunciam a lista de 40 organizações selecionadas para apoio no edital Fortalecendo Soluções de Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Trabalhadores (as) rumo à Justiça Climática e à Transição Justa. As propostas selecionadas são de 21 Estados das cinco regiões brasileiras.
O Raízes apoiará 20 projetos de comunidades tradicionais, quilombolas e povos indígenas que atuam na agenda da justiça climática. Pelo Labora, serão apoiadas 10 propostas no Eixo 1 voltadas ao fortalecimento e desenvolvimento institucional de organizações de base, com até R$50 mil. E mais 10 apoios no Eixo 2, para propostas de incidência na garantia e ampliação de direitos, com doações de até R$100 mil, sendo 5 deles com apoio da Fundação Grupo Volkswagen.
Nos próximos dias, as equipes do Fundo Brasil entrarão em contato com os grupos selecionados pelo e-mail indicado no momento da inscrição do projeto.
Veja a lista dos selecionados:
Apoios via Raízes
Grupo/Coletivo/Organização | Estado | Região |
Juventude Indígena da Diversidade Guarani Kaiowa | MS | Centro-Oeste |
Comunidade Quilombola Nossa Senhora Aparecida | GO | Centro-Oeste |
Associação da Comunidade Tradicional de Terreiro Ilê Axé Angola Megemulebaonã | MS | Centro-Oeste |
Associação Comunitária da Comunidade Remanescente de Quilombo Terra Dura e Coqueiral | SE | Nordeste |
Instituto Indígena Além do Tempo – Kariri Xoco | AL | Nordeste |
Associação dos Agricultores da comunidade de Volta da Serra | BA | Nordeste |
Organização de Mulheres Negras de Caiana | PB | Nordeste |
Associação dos Moradores do Povoado Batatal | MA | Nordeste |
Associação Indígena Socioambiental Curica – Rede Curica | PB | Nordeste |
Associação dos Moradores, Agricultores e Pescadores de Poxim da Praia – AMAPPP | BA | Nordeste |
Associação Comunitária Indígena da Aldeia Craveiro | BA | Nordeste |
Associação de Pescadores, Marisqueiras e Moradores da Comunidade Quilombola do Buri | BA | Nordeste |
Associação Etnoambiental Beija Flor | AM | Norte |
Associação Indígena Arawete de Médio Xingu | PA | Norte |
Associação dos Moradores e Produtores Quilombolas do Abacatal | PA | Norte |
Associação dos Descendentes Remanescentes Quilombolas da Comunidade da Ressaca da Pedreira | AP | Norte |
Associação dos Brigadistas Akwê Xerente de Prevenção e Controle às Queimadas e Combate a Incendios Florestais | TO | Norte |
Associação Brasileira dos Atingidos Por Grandes Empreendimentos (ABA) | MG | Sudeste |
Associação dos Moradores de Despraiado | SP | Sudeste |
Instituto Legdjyl | SC | Sul |
Apoios via Labora – Eixo 1
Grupo/Coletivo/Organização | Estado | Região |
Movimento dos Atingidos por Barragens | MT | Centro-Oeste |
Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Lucas do Rio Verde – MT | MT | Centro-Oeste |
Associação Indígena da Aldeia Serrote dos Campos de Itacuruba | PE | Nordeste |
Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Bom Jesus Sul | CE | Nordeste |
Instituto Diversus | AL | Nordeste |
Central Regional das Associações Comunitárias e Organizações Sociais (Conca) | BA | Nordeste |
Amacampo | PA | Norte |
Associação dos Pequenos Produtores Rurais, Extrativistas e Pescadores Artesanais – APEPA | PA | Norte |
Associação Encantos de Friburgo | RJ | Sudeste |
Associação Comunitária Operária, Floresta e Esperança (ACOFE) | RS | Sul |
Apoios via Labora – Eixo 2
Grupo/Coletivo/Organização | Estado | Região |
Coletivo Arewá | BA | Nordeste |
Associação dos Produtores Agroecológicos Assentados/as e Quilombolas do Piemonte da Diamantina | BA | Nordeste |
SINDIMINA | SE | Nordeste |
Coletivo Flor Antônia | PI | Nordeste |
Instituto Acesso | AM | Norte |
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia | AC | Norte |
Palmares Laboratorio Ação | AM | Norte |
Frente de Pesca Artesanal do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) | SP | Sudeste |
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras | MG | Sudeste |
CPP – Conselho Pastoral dos Pescadores Regional Sul | SC | Sul |
A primeira edição do edital Fortalecendo Soluções de Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Trabalhadores (as) rumo à Justiça Climática e à Transição Justa recebeu 723 inscrições de projetos de todos os estados do Brasil, além do Distrito Federal. Os projetos selecionados são de organizações e coletivos de povos indígenas, comunidades tradicionais, quilombolas e trabalhadores (as) de todo Brasil que atuam por justiça climática e uma transição que inclua de forma significativa suas vozes e soluções rumo ao bem viver e por uma economia de baixo carbono justa e inclusiva.
No Eixo 2 dos apoios relaizados pelo Labora, as organizações trazem propostas inovadoras de participação social e incidência sobre os processos de tomada de decisão relacionados à agenda do clima. Entre as propostas, estão
Entenda a seleção
Finalizado o período de inscrições, os projetos submetidos passam por uma triagem inicial conduzida pelas equipes do Labora e do Raízes, que analisam a conformidade de cada proposta com o escopo do edital. Entre os critérios descritos, recebem especial atenção às propostas que reconhecem o antirracismo como elemento central à promoção da justiça climática e que valorizam os saberes e soluções de populações quilombolas, povos indígenas e comunidades tradicionais. Serão igualmente valorizadas as proposições destinadas a impulsionar a luta por trabalho digno, proteção social e transição ecológica, com base na justiça racial e de gênero. A metodologia de seleção dos editais do Fundo Brasil valoriza a experiência de ativistas com atuação destacada nas áreas temáticas apoiadas, convidando-os a compor o Comitê de Seleção.
Nesta edição, o comitê foi composto por: Raimundo Magno Nascimento, consultor de projetos da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará (Malungu) e ativista do Movimento Quilombola; Euci Ana da Costa Gonçalves, trabalhadora rural quilombola, do município do segundo distrito de Mocajuba, no Pará, dirigente sindical da CUT/Pará e educadora popular; Marciely Ayap Tupari, do povo Tupari, do estado de Rondônia, é jovem liderança indígena e comunicadora, tesoureira da Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (Agir) e coordenadora Secretária da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab); Kenia Antonio Cardoso, mestre em economia política mundial pela UFABC e coordenadora do programa de Nova Economia e Desenvolvimento Territorial da Fundação Tide Setubal; Isabel Taukane, do povo Kurâ-Bakairi, pesquisadora Indígena, educadora popular, e atuante na Coordenação Executiva Ampliada do Fórum de Educação Escolar Indígena; Carlos Magno de Medeiros Morais, coordenador do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá (Brasil) e ponto focal da Plataforma Semiárido da América Latina.

Integrantes do Comitê de Seleção com as equipes do Labora e do Raízes, na sede do Fundo Brasil, em São Paulo. Foto: Airan Albino/Acervo Fundo Brasil.
Por que um edital conjunto?
Os impactos das mudanças climáticas, como enchentes, seca e calor excessivo são sentidos de maneira direta e mais intensa por povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e trabalhadoras(es) das cidades, dos campos, das águas e das florestas. Já não se sabe quando a lavoura vai dar frutos, nem quando é seguro sair de casa para trabalhar.
Para Amanda Camargo, coordenadora de projetos do Labora, o edital conjunto “é fruto de uma inovação, que busca criar alianças que produzem consensos para avançar na luta pelo trabalho digno e justiça climática de forma conjunta. Para o Labora, trabalho digno implica modo de vida e reprodução da vida, não apenas como um emprego formal.”
Estes mesmos grupos da população, no entanto, criam soluções efetivas para a saída desta crise. Em todo o Brasil, práticas ancestrais e comunitárias de agroecologia, agroflorestas, bancos de sementes, cozinhas comunitárias em centros urbanos, projetos populares de energia solar, pontos populares de trabalho, dentre outras iniciativas, têm demonstrado que o caminho para sair da crise climática está na democratização, na ampliação e fortalecimento das soluções coletivas populares.
Neste contexto, este edital busca fortalecer estas coletividades, viabilizando a participação ativa que permite a inserção de suas demandas no centro do debate sobre justiça climática, racismo ambiental e trabalho digno. O edital também visa oferecer condições para que as organizações apoiadas sigam promovendo ações de impacto e ampliando sua presença nos espaços de decisão, tanto nos eventos preparatórios quanto durante a COP 30, bem como nos espaços de poder nos anos seguintes, quando ficarão visíveis os desdobramentos da Conferência.
O apoio conjunto por Raízes e Labora colocará em diálogo grupos que se encontram em suas demandas, caminhos e aprendizados na promoção de um futuro que garanta condições dignas de vida e trabalho num planeta habitável. Permitirá, ainda, ampliar os efeitos positivos das iniciativas apoiadas, para que ganhem escala e impactem o debate global.
Essa parceria também reforça a importância da filantropia de justiça social como ferramenta para a defesa da democracia, reconhecendo que a construção de um futuro sustentável depende do protagonismo dos grupos e comunidades que historicamente preservam os biomas brasileiros e enfrentam os desafios da crise climática a partir de sua própria realidade.
Importância da parceria com o Grupo Volkswagen
A Fundação Grupo Volkswagen é parceira do Fundo Brasil no Edital Raízes e Labora: Fortalecendo Soluções de Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Trabalhadores (as) rumo à Justiça Climática e à Transição Justa, garantindo recursos para 5 projetos de incidência por participação coletiva de trabalhadores/as na pauta climática e na promoção de uma transição justa.
Para o Fundo Brasil, essa parceria é um canal para ampliar o diálogo com a filantropia empresarial no país e, desta forma, ampliar o escopo de atores sociais engajados em destinar recursos para promover mudanças estruturais e ampliar a democracia.
Vitor Hugo Neia, presidente da Fundação Grupo Volkswagen, destacou no lançamento do edital o compromisso da fundação com a mobilidade social. “A gente ter o privilégio de estar com quem faz a diferença na ponta, com quem realmente transforma a realidade nas comunidades mais vulneráveis, para nós é algo que realmente reafirma o nosso compromisso. E se não fosse por essa parceria com o Fundo Brasil, com certeza a gente teria muito mais dificuldade de chegar”, disse.