A líder indígena Kaiulu Yawalapiti enfrenta diariamente muitos preconceitos para seguir em frente com a missão de fortalecer a atuação das mulheres xinguanas na defesa de seus direitos, no Mato Grosso.
Também não é fácil passar horas e mais horas em vários tipos de transportes para participar de debates, rodas de conversa e oficinas em que ela compartilha experiências, conta sua história e contribui para a construção de um novo tipo de feminismo no Brasil.
É nessas oportunidades que Kaiulu tem certeza de que não está sozinha na luta por um país com mais igualdade e sem violência e discriminação. Ela e ativistas ligados a diversas causas relacionadas aos direitos humanos saem fortalecidas e fortalecidos para os vários tipos de desafios que fazem parte de suas rotinas.
Foi exatamente isso que aconteceu entre os dias 4 e 6 de dezembro em São Paulo, no XI Encontro de Projetos, que reuniu organizações apoiadas pelo Fundo Brasil por meio do edital “Combate à violência institucional e à discriminação – 2017”.
Representantes de 16 projetos, mais quatro convidadas e convidados apoiados por meio da linha especial “Enfrentamento à prisão provisória no Nordeste com ênfase na questão racial”, realizada em parceria com a Fundação Open Society, participaram durante três dias de oficinas, debates, reflexões, roda de conversa e do show “Diálogos Musicais em Direitos Humanos”, realizado no Sesc 24 de Maio.
A partir de metodologias participativas, o grupo debateu e refletiu sobre o tema “Branquitude e a Construção dos Privilégios” no primeiro dia do encontro, dia 4. A reflexão contou com a facilitação da professora e pesquisadora Ana Helena Passos, estudiosa do assunto.
No mesmo dia, o grupo formado por ativistas de todas as regiões brasileiras debateu o tema “Branquitute, Racismo e Violência do Estado”, com análises e provocações feitas por Ana Helena, Bianca Santana (jornalista e escritora), Edna Jatobá (Gajop/PE) e Wagner Moreira (Ideas/BA). O foco foi a violência policial, a política de drogas e o encarceramento em massa.
Na terça-feira, dia 5, a equipe de Relacionamento com a Sociedade ofereceu aos participantes a oficina “Comunicação para denunciar violências e discriminação e promover direitos”, com reflexões e debates sobre a importância política da comunicação para o fortalecimento dos direitos humanos e da mobilização de recursos para a sustentabilidade dos trabalhos das organizações, grupos e coletivos.
A oficina contou com exercícios práticos em que foram produzidos materiais de comunicação como vídeos, postagens, textos e fotos.
Também na terça foi realizado um momento para o “Fortalecimento Organizacional”, em que foram trabalhados coletivamente os processos de acompanhamento e prestação de contas dos projetos apoiados pelo Fundo Brasil.
Diálogos Musicais
À noite de terça-feira foi marcada pelo evento “Diálogos Musicais em Direitos Humanos”, realizado no Sesc 24 de Maio e que contou com a apresentação de show do grupo Músico Cidadão e dois convidados, os músicos Chico César e Yannick Dellas.
Os representantes das organizações apoiadas, além de convidados e convidadas, assistiram uma apresentação de artistas imigrantes e refugiados que realizam uma troca cultural com brasileiros.
Na ocasião foi realizada uma ação de mobilização da campanha #NãoTáTranquiloNãoTáFavorável, realizada pelo Fundo Brasil desde o ano passado.
“O cenário de retrocessos vivido pelo Brasil inspirou o mote desta campanha, um esforço que fazemos para mostrar a toda a sociedade a importância da mobilização para a defesa de direitos”, afirmou Ana Valéria Araújo, coordenadora executiva do Fundo Brasil, na abertura do evento.
Roda de conversa
Na quarta-feira, dia 6, foi realizada a roda de conversa “2018: Direitos Humanos em ano de eleições”, com a participação de representantes de projetos apoiados, Conselho Curador do Fundo Brasil e os convidados/as Rogério Arantes, do departamento de ciências políticas da USP; Ana Carolina Evangelista, colunista do blog Agora é que são elas; Raull Santiago, do coletivo Papo Reto; a filósofa Djamila Ribeiro; Douglas Belchior, da Uneafro e consultor do Fundo Brasil; e Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental.
A mediadora foi Denise Dora, conselheira do Fundo Brasil.
O objetivo foi debater questões relativas ao contexto dos direitos humanos em um ano de eleições, os desafios e como enfrentar o que vem pela frente.
Em breve, o Fundo Brasil vai divulgar mais informações sobre o debate.
Formação
Fortalecer as organizações da sociedade civil por meio de atividades de formação e treinamento é parte da missão estratégica do Fundo Brasil. Todos os anos são realizadas oficinas de treinamento para defensoras e defensores dos direitos humanos.
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