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Glisiany Plúvia de Oliveira, 30 anos é líder do Grupo Ousadia Juvenil, em Mossoró (RN), e apoiada pelo Fundo Brasil
Uma mulher forte, com garra e extremamente empática. É assim que Glisiany Plúvia de Oliveira, 30 anos, se define. Líder do Grupo Ousadia Juvenil, que empodera jovens da periferia de Mossoró (RN), Plúvia, como é conhecida, faz da sua vida um campo de batalha e está sempre pronta para combater o extermínio da juventude negra, o machismo, o racismo, a homofobia e tantas outras violações de direitos.
Filha de pais separados e com duas irmãs, a jovem cresceu no Conjunto Nova Vida, periferia de Mossoró. Da infância, fala com carinho das brincadeiras na rua, da diversão no chafariz do bairro e, principalmente, das bolachas feitas pela mãe, professora de educação infantil em uma escola da região. “Era uma bolacha de farinha de trigo, água e sal. E fez bastante parte da minha infância. Era muito gostosa”.
Lembra-se também dos projetos desenvolvidos no bairro por uma organização social internacional, que oferecia atividades de arte -educação. Mas, com a chegada da adolescência, Plúvia se distanciou das atividades. E foi nessa época que começou a se interessar mais pelos direitos humanos e pela atuação em rede para combater violações de direito.
“Hoje sou separada, mas acabei me casando aos 15 anos. E o meu casamento me levou a conhecer o Grupo Mulheres em Ação, do qual a minha sogra fazia parte. Ela dizia que eu precisava ir, para aprender sobre as coisas do feminismo e aprender a lutar pelo direito das mulheres, porque era importante que eu vivesse uma vida sem violência”.
Lá, viu que a questão das mulheres a tocava muito. “Com as atividades, você percebe que também vive num ciclo de violência. Que a sua tia viveu ciclo de violência, que a sua mãe, a sua avó, suas amigas… Então, você começa a ver que outras mulheres sofrem e que você não está isenta disso. Aí quer conhecer mais e lutar para poder transformá-las”.
Empoderamento juvenil
Foi por meio do Mulheres em Ação que, em 2008, surgiu o Grupo Ousadia Juvenil. A partir da percepção de educadores, educadoras e da coordenação de que os adolescentes e jovens da comunidade precisavam de um espaço para discutir sobre sexualidade, gênero, violência e para se tornarem multiplicadores. O grupo era uma alternativa ao tráfico, um espaço para auto-organização de jovens, com discussões políticas e sobre seus direitos.
Com saraus, cine debates e encontros semanais para a discussão de textos sobre os próprios direitos, o Ousadia Juvenil ganhou força. E, para crescer e desenvolver atividades em outros locais, precisava de apoio.
“Foi assim que conhecemos o Fundo Brasil de Direitos Humanos. Estávamos procurando editais para desenvolver mais coisas, além de saraus e encontros na comunidade. Queríamos ir para escolas, mas não tínhamos recursos. Quando vimos que o edital do Fundo Brasil conseguia dar respostas para o que nós queríamos, que propunha a discussão do que já discutíamos, que era o combate ao extermínio da juventude negra, aplicamos e conseguimos”.
A aprovação no edital permitiu que o grupo ampliasse seu trabalho. “Deixamos de ser conhecidos somente na comunidade, para sermos conhecidos também em outros municípios do estado. Hoje as pessoas têm o nosso trabalho como referência na garantia dos direitos da juventude. Algumas universidades nos procuram para debater o papel da universidade no combate ao extermínio da juventude negra. Então, a gente conseguiu mostrar que as pessoas têm que se importar e buscar alternativas para, juntos, acabarmos com o extermínio contra a juventude negra, entre outras coisas”.
E o apoio do Fundo Brasil trouxe esperança. “Sonhamos com os pés no chão, de que é possível fazer as coisas mesmo com poucos recursos, de que é possível despertar a esperança em outras pessoas, construir um mundo melhor, com alternativas para que nosso povo continue a existir, para que as nossas resistências dentro das periferias e comunidades sejam vistas”.
Mulheres na luta
Ao longo de toda a sua vida, Plúvia conviveu com mulheres fortes, que fizeram o possível para ajudar os outros. Primeiro, a mãe, que cuidou das três filhas e trabalhou muito tempo como voluntária em uma unidade de educação infantil. Depois, a ex-sogra, que a apresentou ao feminismo. E, por último, as mulheres que conheceu nos projetos em que participou e participa.
Para ela, se tem mulher na luta, dá certo. “Nós, mulheres, lideramos de várias óticas. Não é apenas mudar uma via, nós queremos mudar o todo. O jovem, mas também a mãe, a namorada, a tia, a irmã. E, nisso, sentimos os desafios de participarmos da política, de estarmos à frente dos processos, porque o machismo é muito presente”.
Futuro
Plúvia, hoje no 6º semestre de Gestão Ambiental na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), se imagina, em dez anos, doutora, atuando como professora universitária. “Mas com o viés da comunidade, de mostrar que é preciso transformar o âmbito acadêmico, para um olhar mais humano, social”.
Na luta, é certeira: “Quero continuar na defesa dos direitos humanos, seguir marcha até que todas sejamos livres. Porque quando todas nós formos livres, a juventude vai ser livre, os negros e negras vão ser livres, as pessoas LGBT vão ser livres, os indígenas vão ter onde morar, seu espaço vai ser respeitado, as pessoas com deficiência vão ter acessibilidade… Aí, sim, a gente vai ser livre.”
#ContruaPontes, Não Muros
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Texto: Larissa Ocampos
Fotos: Divulgação / Acervo pessoal