Em 2022, 134 anos após a abolição da escravatura, vemos que os problemas que aconteciam em 1888 se repetem, ainda que de forma contextualizada com a realidade dos dias atuais.

Se naquela época os quilombolas eram perseguidos, hoje mesmo tendo seus direitos assegurados por lei, ainda não têm o reconhecimento e o respeito que merecem. Não ter direito a viver nas próprias terras e ter sua cultura e seus costumes invalidados vai diretamente contra os direitos fundamentais para se viver com dignidade. E o pior: enfrentar a violência. O medo de perder a própria vida simplesmente por ser quem se é. 

Apesar de carregarem um legado precioso, principalmente relacionado à história e à ancestralidade, as diversas comunidades quilombolas têm suas existências constantemente ameaçadas. Principalmente por causa do domínio de suas terras, que influencia diretamente na saúde coletiva, na invisibilidade de direitos, no racismo e em outros diversos conflitos [1]. 

Em 2018, foi publicado o livro “Racismo e Violência contra Quilombos no Brasil”, que relata uma série de dados importantíssimos a respeito da situação dos quilombolas no Brasil. A publicação mostra que o número de assassinatos de quilombolas cresceu 350% em 2017, quando comparado ao ano anterior. Além disso, foram registrados casos de chacina, assassinato de liderança quilombola, tortura contra as mulheres quilombolas, perseguição e intimidação. Ainda, o livro aponta que a baixa atuação do Estado na resolução dos problemas sustenta as violações de direitos à comunidade quilombola [2].

Um acontecimento muito chocante e ainda não resolvido foi o da liderança Binho do Quilombo. Ele foi assassinado a tiros na presença de sua filha, em frente à escola onde estudava. Suspeita-se que o crime esteja relacionado à disputa territorial [2], [3].

“E nós sabemos que só quem morre são os negros. Só em dizer que eu sou quilombola, a resistência está aqui”.

A mãe de Binho, Maria Bernadete Pacífico, também é líder quilombola e mantém vivo o legado do filho [2] [4].

Para essas populações, a luta não pode parar e tem a urgência de quem precisa sobreviver. Em agosto de 2022, um projeto apoiado pelo Fundo Brasil reuniu mais de 3 mil pessoas em um evento em defesa dos direitos quilombolas. O Aquilombar foi organizado pela Conaq e promoveu debates, plenária geral e atos políticos em frente ao Congresso Nacional [5]. 

“Estamos empretecendo Brasília com nossos quilombos para mostrar que nós existimos, resistimos e que lutaremos por nossos direitos, territórios e corpos”

Águida Marina Ferreira – Coordenação Estadual de Mulheres do Quilombo do Estado de Minas Gerais Mariana Crioula.

Você pode fazer a diferença

A mudança virá a partir de um trabalho coletivo, um processo do qual você pode fazer parte. Sua doação para o Fundo Brasil fará a diferença na vida da população quilombola. O Fundo Brasil é responsável por  apoiar projetos que lutam pelos direitos das populações tradicionais. 

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Referências

[1] 2021. Fiocruz Brasília. Fala aê, mestre: Comunidades Quilombolas, direito à terra e saúde.

[2] 2018. Terra de direitos. Racismo e violência contra quilombos no Brasil.

[3] 2021. Terra de direitos.  Diante da ausência de resposta sobre assassinato do quilombola Binho, organizações realizam missão em Salvador.

[4] 2022. CONAQ. Mãe de Marielle Franco une forças com mãe Binho do quilombo.

[5] 2022. Fundo Brasil. Aquilombar reúne mais de 3 mil pessoas em Brasília em luta por direitos quilombolas.